25.º Festival Música em Leiria – 2007
ORGANIZAÇÃO: ORFEÃO DE LEIRIA
Perpetuum mobile - Celebrar a Continuidade
por Miguel Sobral Cid, Director Artístico
Independentemente da tendência para se assinalar os múltiplos do século e seus sub-múltiplos - cinquentenários, quartos de século e décadas - ser uma consequência directa do nosso enquadramento no sistema decimal vigente e, por isso, absolutamente artificial, a verdade é que a sua constante recorrência constituiu já uma tradição que dificilmente nos deixa indiferentes.
Na música, por exemplo, as efemérides de compositores como Mozart, Johann Sebastian Bach ou, mais recentemente, Chostakovitch e Lopes Graça, foram casos em que mesmo o mais distraído ou desinformado cidadão não pôde deixar de ouvir falar, ainda que possa não lhes ter prestado grande atenção.
Mas se casos há em que as efemérides são exploradas comercialmente até à saturação, e muitas das vezes por mercados que não lhe estão directamente associados - lembro-me, evidentemente, dos chocolates com o retrato do Mozart, praticamente desconhecidos entre nós antes do bi-centenário da sua morte (1992) -, considero francamente positivo o saldo deste recurso no que respeita à sua contribuição para a difusão em larga escala de repertórios pouco ouvidos ou mesmo desconhecidos da maior parte do público. Neste caso, o marketing das efemérides, porque, afinal, também é disso que se trata, é um expediente benemérito e (quase) altruísta, no seu objectivo de alargar o conhecimento e a experiência do público na Música.
É nesta espécie de marketing social que enquadraria a referência aos 25 anos de edições consecutivas do Festival «Música em Leiria», que neste ano assinalamos. Uma comemoração mais do que natural, pelo relevo que colocará num projecto que traz à Região e ao seu público, de forma continuada, uma oferta peculiar, musical e não só, de grande qualidade, e que em muito contribuiu e continua a contribuir para o desenvolvimento e consolidação de hábitos culturais em geral, e particularmente na área da música.
A par da justa comemoração, interessa sobretudo sublinhar o percurso de sucesso do Festival, um dos mais antigos do País e certamente um dos de maior importância. A isso não foram alheios o empenhamento e a boa orientação oferecidos a esta iniciativa pelos directores artísticos que me precederam nas funções que aqui desempenho, Maria Fernanda Cidrais Rodrigues e Carlos de Pontes Leça, dos quais tive o privilégio de receber um valoroso estímulo, quer no quadro profissional quer no plano pessoal, e aos quais deixo aqui a minha singela homenagem.
O Festival «Música em Leiria» veio adoptando na sua programação soluções que, sempre de forma gradual e atentando à realidade de cada momento, foram introduzindo novas propostas que o conduziram ao presente formato. Apesar da distância temporal a esse primeiro momento que ocorreu há 25 anos, a referência ao passado proposta na presente edição não só é propositada como reflecte um tributo a todos os artistas e colaboradores do Festival que contribuíram para a sua consolidação.
Neste espírito, duas figuras de grande proeminência destacam-se na presente programação do Música em Leiria. O pianista Sequeira Costa, que logo na segunda edição do Festival, em 1984, lhe associou o seu nome, e a coreógrafa Olga Roriz, que por diversas vezes aqui interveio, quer como coreógrafa quer enquanto bailarina do extinto Ballet Gulbenkian, e que apresentará pela primeira vez em Leiria a sua própria companhia de dança.
Por outro lado, é conveniente mencionar um outro factor que terá contribuído sobremaneira para o sucesso do Festival, que foi a sua gradual internacionalização. A par dos mais conceituados artistas portugueses, uma enorme plêiade de músicos de renome internacional conheceu a sua actuação em Leiria. Entre eles, e só para referir alguns, encontram-se Jordi Savall e o Hespèrion XXI, Gérard Lesne e o Seminário Musicale, Reinhardt Goebel e o Musica Antiqua de Colónia, Kim Criswell, Andrew Lawrence-King, Ivan Monighetti, Dagobeto Linhares, The King's Consort, The Hilliard Ensemble e I Fagiolini. Neste quadro, também a edição de 2007 mantém este princípio, apresentando uma das mais conceituadas orquestras sinfónicas do leste europeu, a Sinfonia Varsóvia, que acompanhará a igualmente reputada pianista Anna Malikova, e o agrupamento alemão NeoBarok, que se tem evidenciado pelo seu peculiar olhar para a Música Antiga.
Uma nova perspectiva é também a sugerida nesta edição do Festival pelos Músicos do Tejo (Sementes do Fado), projecto onde se destaca a notável voz de Ana Quintans, numa proposta que pretende explorar as ligações entre a Modinha portuguesa dos séculos XVIII e XIX e o Fado. Espelha-se aqui, aliás, uma outra vertente que se tem evidenciado no Música em Leiria, que procura a diversificação das propostas, no sentido de alargar as perspectivas do público no domínio musical. Nesta mesma linha, cabe igualmente a referência a Renaud Garcia-Fons, eminente contrabaixista cuja arte contagiante tem conquistado os mais diversos públicos, desde os amantes do Jazz aos do Flamenco.
Para concluir, de sublinhar ainda o prosseguimento da reserva de um espaço de programação dedicado ao público mais jovem, que este ano trará a Leiria uma produção do projecto educativo Descobrir a Música na Gulbenkian (O Piano e seus Amigos), assim como de uma outra orientação programática que tenta dar evidência ao trabalho de jovens músicos de particular talento em início de carreira. Neste último caso, de destacar as apresentações do violinista Pedro Meireles, que será solista no concerto com a Orquestra Filarmonia das Beiras e a Orquestra de Sopros do Orfeão de Leiria, do Trio Mediterrain, do guitarrista Dejan Ivanovic e do Coro e Orquestra Universidade de Malmö (Suécia).
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